Meu Twitter

domingo, 10 de julho de 2016

Onde no Novo Testamento diz que o dízimo é 10%?


Onde no Novo Testamento diz que o dízimo é 10%? Em hebraico, no Antigo Testamento, a palavra usada para indicar dízimo é ma‘aser, que significa ‘décima parte’. O grego usa a palavra dekate, que tem o mesmo significado. Normalmente se usa o verbo apodekato, ou seja ‘dar a décima parte’. Textos importantes, no Novo Testamento, são Mateus 23,23, Lucas 11,42; 18,12 e Hebreus 7,5. O dízimo é uma taxa que pode ser dada una tantum ou em determinados intervalos que consiste, como se deduz da própria palavra, na décima parte do patrimônio ou da renda de uma pessoa. No Novo Testamento não existe um texto que fala do dízimo, de uma taxa dada à igreja. Os textos que citamos acima falam sempre do costume hebraico de dar o dízimo aos levitas. Nos Atos dos Apóstolos se fala da solidariedade e da divisão dos bens entre os primeiros cristãos. Atos 2,42 seguintes conta como na primeira comunidade os cristãos tinham tudo em comum. O mesmo livro, em 4,36, conta como Barnabé vendeu o campo que possuía e colocou o dinheiro ‘aos pés dos apóstolos’. Também no capítulo 5 diz como Ananias e Safira tentaram enganar a comunidade, escondendo o verdadeiro preço do propriedade vendida. De qualquer forma Pedro (Atos 5,3) diz que o pecado deles não consistiu no fato de não ter dado o dinheiro à comunidade, mas na mentira feita ao Espírito Santo. O dízimo era um costume muito difundido no passado. Era comum sobretudo no mundo civil, um modo que os reis tinham para angariar fundos para a sobrevivência dos respectivos reinos. Também em Israel era uma prática comum, como nos conta o Antigo Testamento, mas era entendida como uma taxa que era dada a Deus, como uma resposta humana às coisas boas realizadas por Deus. Em Gênesis 14,20, Abraão, abençoado pelo rei e sacerdote Melquisedeque, dá a ele a décima parte daquilo que possui. Também Jacó, depois do encontro com Deus em Betel, promete a Deus o dízimo de tudo aquilo que receberá dEle (Gênesis 28,22). Os aspectos concretos do dízimo no Antigo Testamento são regulamentados em Levíticos 27. A décima parte dos grãos, dos frutos e do gado devem ser consagradas ao Senhor. Os grãos e frutos podiam ser dados em forma material, mas também podiam ser convertidos em dinheiro e entregues em dinheiro, mas neste caso o valor devia ser aumentado de um quinto (Levíticos 27,31). O dízimo sobre o gado era feito fazendo passar os animais em fila; o décimo animal era colocado à parte para Deus. O dízimo pertencia a Deus e era dado aos levitas conforme dito em Números 18,21, como se fosse a herança deles, pois a tribo de Levi não obteve para si, quando o povo entrou na terra prometida, nenhum território. Os animais porém não pertenciam aos levitas. E os próprios levitas deviam dar a Deus o dízimo daquilo que recebiam como dízimo (Números 18,26 seguintes). O dízimo era dado no templo. Porém a cada 3 anos devia ser levado até o local onde os levitas moravam e doado aos pobres, estrangeiros, órfãos e viúvas, com os quais se devia fazer uma refeição (Deuteronômio 14,28 seguintes). É importante notar que o dízimo, na sua origem, não é destinado aos sacerdotes, mas tem como intenção sanar uma desigualdade social: compensar a falta de propriedade que atingia os levitas. Os sacerdotes, invés, sobreviviam com os sacrifícios que o povo oferecia, que eram diferentes do dízimo. Frisamos, contudo, que existe uma grande confusão neste campo, pois graças sobretudo ao livro de Números os sacerdotes, descendentes de Aarão, são considerados Levitas. Porém, se lemos Ezequiel, por exemplo, existe uma nítida diferença entre sacerdotes e levitas. E depois, a confusão aumentou por que o dízimo era entregue no Templo e portanto, parece, que era controlado pelos sacerdotes. De qualquer forma o fato que a Lei obrigue a cada 3 anos que o dízimo não seja levado ao templo, mas pessoalmente aos levitas e pobres, sublinha a índole do dízimo. É importante, por último, falar do aspecto teológico do dízimo. Com o dízimo se exprime a convicção que tudo aquilo que se possuiu é fruto da bondade divina. Nessa linha deve ser lido o texto de Lucas 18,9-14, onde Jesus conta uma parábola que fala do dízimo praticado pelos fariseus no tempo de Jesus, que era meramente uma prática, sem nenhuma espiritualidade. O dízimo em si não é importante, mas significa uma das expressões possíveis do reconhecimento da existência de Deus nas nossas vidas. Além do mais Jesus nos ensina que o fundamental da Lei transmitida no Antigo Testamento é a Justiça, a misericórdia e a fidelidade. E diz isso exatamente falando do dízimo em Mateus 23,23: “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, que pagais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho, mas omitis as coisas mais importantes da lei: a justiça, a misericórdia e a fidelidade. Importava praticar estas coisas, mas sem omitir aquelas.” Dito isso, é importante mencionar que, atualmente, muitos “cristãos” estão prontos para negar a validade do dízimo para os nossos dias, não porque querem dar mais, mas porque querem dar menos, ou até mesmo nada. Para esses eu digo que quem supostamente se converteu ao Senhor, mas não converteu o seu bolso, deve reavaliar sua conversão. O cristão reconhece que não apenas 10% do seu salário pertence ao Senhor, mas todos os seus bens. Assim, o verdadeiro cristão faz planejamentos financeiros para não gastar em coisas supérfluas, a fim de poder contribuir com o máximo possível para o Reino de Deus, voluntariamente. O verdadeiro cristão não busca viver uma vida de luxo, pois seu deus não é o dinheiro, e sim o Senhor, a quem Ele coloca em primeiro lugar. Tomemos como exemplo a contribuição da igreja primitiva. A viúva no templo deu tudo o que tinha (Lc.21.1-4)Invalidade da oferta da viúva Um irmão comentou que o exemplo da oferta da viúva não seria válido tendo em vista que ainda se estava na Velha Aliança, pois Jesus não havia morrido e que assim foi um exemplo contraditório. Obviamente não foi da intenção do autor dizer que a viúva já fazia parte da igreja primitiva. Mas como a atitude dela foi elogiada por Jesus, ela serve como um modelo para a contribuição da igreja, o que de fato foi seguido pela igreja primitiva, como vemos em Atos e em 2ª Coríntios. Os primeiros cristãos vendiam propriedades e depositavam todo o valor aos pés dos apóstolos (At.4.34-37). Os pobres da Macedônia contribuíram acima de suas posses (II Co.8.1-3). Esse é o padrão que o cristão deve seguir. Devemos também lembrar que os pastores que Deus designou para pastorearam o rebanho precisam de sustento, sendo responsabilidade da igreja provê-lo (1Co 9.3-14; ). Portanto, as ofertas voluntárias também são usadas para compor o salário do pastor, provendo os recursos materiais necessários para que ele continue anunciando o Evangelho.

Nenhum comentário:

Postar um comentário